sexta-feira, 10 de maio de 2013

CORRENTES


CORRENTES

Correntes, instrumento de aço, forjada a ferro e fogo, resultante da sabedoria humana, matéria prima mal usada, tornou-se uma arma destruidora de sonhos e liberdade;
Correntes, podem representar o elo entre os povos de uma sociedade, igualar a manifestação de fé em um ciclo de oração, clamando a Deus atenção as suas suplicas.
Correntes, elo que unificou a uma só razão e um só pensamento, instrumento forte e imperativo utilizado no Brasil colonial, escravizando os negros, mantendo-os em senzala, distante do convívio social.
  Hoje não há mais senzalas nem escravidão, mas ainda resta-nos acabar com os resquícios que insiste em prevalecer com a predominância das desigualdades sociais.
Vencemos as correntes, superamos a escravidão e devemos acabar com essa que, talvez seja a pior dentre tantas maneiras de execração, o preconceito velado e a discriminação racial.
Correntes, aprisionaram meus ancestrais, roubaram-lhes seus sonhos e amputaram os seus dias impedindo-lhes de correrem, hoje estou aqui cheio de sonhos irrealizáveis. Conto os dias, as horas pra saber quando iremos nos libertar das ansiedades e dos pesadelos;
O tempo passa por nós, e não temos controle sobre ele, se ficarmos presos ao tempo, tornamo-nos seu escravo. Passamos pouco mais de um terço do dia vendendo a nossa força de trabalho, o tempo que resta buscamos aperfeiçoar nosso conhecimento na esperança de mudar nossa sina, assim vão se nossas vidas entre a expectativa e a esperança. 
Correntes, não esteja certa de que ira castrar-me da liberdade, uso os teus elos como escaladas da minha fé, e o teu aço para enrijecer as certezas das minhas decisões, a tua coesão para afirmar a rota do meu destino.
Nos dias atuais a função das correntes esta perdida diante das adversidades. Hoje as ferramentas que enclausuram são outras, imobilizam com algemas, isolam do convívio social através de grades,  as senzalas renomearam como guetos ou favelas. O negro está perdendo seu posto de porta estandarte, nas escolas de samba, passando a ser o empurrador dos carros alegóricos. Os destaques passaram a ser outros!
Correntes prendendo o pé aprisionado é, correntes prendendo as mãos, indica a exclusão, correntes envolvendo o pescoço, ornamento precioso, correntes contornando o pulso, joia rara ou bijuteria de uso.
Correntes influenciam as pessoas, quanto á forma de agir e o modo de pensar, estabelecendo o método e a ação dos participantes;
Correntes, forças dos ventos sobre as marés, direcionando o sentido das águas, as ondas formam elos que sopram indicando o sentido da maré; 
Correntes, mantiveram no passado os negros sobre o açoite da chibata, hoje não passa de instrumento decorativo, peça de museu, reforço para as trancas das portas ou simples badalo das porteiras, sem função qualquer de insignificância vil.
Aqueles a quem destinavam o seu uso já não as usam mais. Fingir que não deixaste marca  impossível.   Resta-nos olhar para o passado e envergonharmos pelos atos já que reparo algum, há de devolver a essa etnia a sua identidade, que a ferro e fogo lhes castraram.
"Não se pode separar paz de liberdade porque ninguém consegue estar em paz a menos que tenha sua própria liberdade". Abriram-se as correntes, aboliu a escravidão, abandonando os negros a sua própria sorte.


Artigo escrito pelo Profº Rosalvo Silva Filho
Formado em Ciências Físicas e Biológicas pela Faculdade Profº José A. Vieira
Latus Sensus em Saúde e Meio ambiente pela Universidade de Lavras
Formação Acadêmica em Matemática pela Unioesp.

Um comentário:

  1. Ainda que amarrem os meus pés;
    Me prendam pelas mãos,jamais conseguirão amputar-me dos meus sonhos, ainda assim permanecerão meus pensamentos e o meu coração, lutando por liberdade.

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