segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Minha Crônica " aconteceu comigo"

Ainda assim continuarei acreditando no bom senso (parte l)

   È o primeiro domingo de dezembro, estávamos retornando da casa do meu tio e dirigíamos para a casa da minha prima, quem gentilmente conduziu-nos pelas ruas do Grajaú, até a casa do seu pai, quando subitamente alguém abre a porta do carro que estava estacionado defronte a uma igreja sobre a calçada.
   Naquela ruazinha estreita os carros estacionados de ambos os lados, restava-me apenas uma única alternativa de passagem, caso viesse algum outro veiculo no sentido contrario, inevitavelmente alguém haveria de ter o bom senso ou a camaradagem, cedendo a vez ao outro.
   Tínhamos visitado o meu tio, homem sereno de semblante sofrido, mas ainda assim, aquisitor de uma paz de espírito, digno das pessoas honestas e sinceras, alguém que jamais ludibriaria alguém para levar vantagens ou beneficies, gente do bem. Minha tia também, pessoa de aura limpa e transbordante, mãe acolhedora, muito embora tenham uma vida parca, ainda assim criaram juntos o seu neto, jovem de caminhadas turvas e insidiosas.
   Esse tio é o único irmão que mãe tem aqui em São Paulo. Quando criança projetava a imagem do meus avós e ficava horas imaginando como eles seriam, principalmente o meu avô, de quem minha mãe falava sempre e fazia questão de frisar.
 - Meu pai é um homem tranqüilo, assim parecido o seu irmão Néquinho.
Invejava os meus amigos! Nas férias iam passear nas casas dos seus avôs e eu, se quer conhecia os meus, passaram-se anos até que pudéssemos ter contato com alguém da família da minha mãe ou até mesmo do meu pai.
   Há exatamente quatro anos fui eu, minha mãe, meu irmão e a minha irmã na casa dele, logo que bati o olho nele veio na memória a imagem que eu sempre tive do meu avô, que infelizmente não tive a oportunidade de conhecê-lo, fiz questão de comentar isso ao meu tio e a minha prima ele falou que de fato parecia e muito o meu avô, inclusive herdou dele aquele jeito sereno de quem parece estar meditando.
   Na semana passada liguei para minha mãe, como é de costume falo com ela diariamente por telefone, mas notei que ela estava com a voz meio embargada, foi quando lhe perguntei esta tudo bem com a senhora, há algum problema? Então ela me falou:
 - O filho, é que estou preocupada, porque ontem a sua prima Lia ligou pra dizer que meu irmão sofreu um acidente, passou mal pela manhã ao se levantar e caiu, parece que quebrou um osso da perna. Eu de pronto respondi, fique tranquila que no domingo levo a senhora pra visitá-lo.
 – O filho você faz isso pra mim, eu tava aqui rezando a Deus que você me ligasse, pois eu tinha certeza de quando lhe dissesse isso você iria me levar pra visitar o meu irmão.
   Então como combinado passei na casa da minha irmã e depois fomos pegar a minha mãe. Passamos primeiro na casa da minha prima, onde almoçamos, ela havia preparado um banquete para nos recepcionar, logo que chegamos ela foi logo perguntando. – Só vieram vocês.
   Quando estávamos na mesa para almoçar que entendi porque da pergunta, ela havia preparado um enorme caldeirão de feijoada, esperando que fosse mais gente. Logo assim que comemos, minha irmã se prontificou para lavar a louça, visto que minha prima estava com o dedo médio da mão direita, enfaixado.
   Logo na chegada minha mãe perguntou a ela o que havia acontecido com o dedo, ela respondeu que talvez devido à preocupação com o pai, ela estava descascando batata e acabou dando um taio no dedo.
   Finalmente estávamos a caminho da casa do meu tio, quando lá chegamos encontramos na casa, mais dois primos, e duas outras primas, uma que reside com meu tio e a outra que mora nas imediações estava na companhia da sua filha, que viera do interior aonde trabalha para visitar o seu avô.
  Tivemos um domingo maravilhoso, mãe pôde ver o seu irmão, e ficou esclarecido o acidente, ele havia caído sentado, conforme sua própria narrativa. – Eu nem sei conta direito como foi que isso aconteceu, eu só lembro que levantei para ir ao banheiro e senti uma tontura e cai sentado não conseguia ficar de pé, foi ai que Nininha ( minha tia), chamou os meninos pra me ajudar, só sei que doía muito.
   Levado ao hospital constatou que havia trincado o osso da bacia provavelmente o cóccix, região ruim de ser tratado, pois não há como imobilizar, o máximo que fizeram foi vestir lhe uma espécie de fralda, feita de polivinil, abracando do abdômen a cintura pélvica.
   Podia ver a felicidade estampada nos rostos de todos, tratei de por uma cadeira na cabeceira da cama, para mãe sentar, e ali ficou todo tempo que lá estivemos, conversaram muito, relembraram casos de outrora, relembraram alguns acontecimentos, divagaram sobre os nomes de pessoas envolvidas.
   Tomamos o café da tarde, tiramos fotos, enfim aproveitamos bem o pouco tempo que lá estivemos no final do primeiro tempo da final do campeonato Brasileiro combinei para virmos embora.
   Assim o fizemos tudo transcorria na mais perfeita harmonia até o fatídico episódio causado pela irresponsabilidade de uma mulher que inconsequentemente abrirá a porta do veiculo que estava ali estacionado sobre a calçada, o inevitável ocorreu, só restava-me tentar tranquilizar a todos, minha mãe desceu do carro já esbravejando.

Um comentário:

  1. Refletindo sobre o episodio, busco consolo pensando da seguinte forma, todas as coisas acontecem seguindo a vontade divina, será que o fato de acontecer esse incidente foi para nos livrarmos de algo pior que poderia surgir adiante.

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