terça-feira, 19 de abril de 2011

A visão de quem está numa zona de conflito

                                     
                                              Do outro lado do muro

  Após o episódio ocorrido na escola em realengo a educação voltou a ser tema de debate fora do horário eleitoral gratuito. Quiçá a partir deste episódio comecemos a nos preocupar com o papel da educação dentro de uma sociedade de consumo, repleta de desigualdade, disputa e violência, onde o principal sujeito deixa de ser a pessoa humana dando espaço a megalomania, onde os absurdos com maiores tenacidades ganham destaques.
  O estado gestor da educação  ao invés de investir na pessoa humana, tratar os profissionais da educação com respeito, faz exatamente ao contrário gerando desigualdades de oportunidades, estabelecendo uma prova de meritocracia, onde excluía da participação os professores ofas (ocupantes de funções administrativas), que não estivessem há três anos na ultima escola sede.
  Com isso o estado deixa claro que a prova de mérito não trata do reconhecimento dos profissionais da educação e sim estimula às desigualdades dentro da nossa categoria, criando uma divisão dentro de uma classe que merece no mínimo consideração, pois só nós professores sabemos as quantas andam as escolas da rede publica estadual.
 Olha no ano passado, coincidência ou não por ter sido ano de eleitoral, até meados de junho podia ser visto em todas as escolas placas propagando reformas dos prédios, pinturas e cobertura das quadras, com valores que chegavam chamar a atenção, pois se percebia claramente que os valores  publicados não estavam condizentes com os serviços que realmente estavam sendo prestado. 
  Há anos nós professores nos tornamos reféns dos ditames do estado, vivemos constantemente no linear da função, o estado trata com descaso a nossa condição de trabalho, ignora as superlotações das salas de aulas, faz vistas grossas em relação à função pedagógica, não leva em consideração as potencialidades dos professores, criando um senso comum que escola boa é aquele que tem um baixo índice de retenção, deixando de lado a qualidade do ensino. Basta observar os índices de retenção em uma escola que recebeu o bônus e outra que não recebeu.
    É óbvio que pra alguns pouco importa se o filho do trabalhador esta tendo uma assistência educacional a altura da que é propagado nos horários eleitoral gratuito, criou-se um mito na educação que o que importa são os números, se os indicadores nos favorecem, como é o caso do IDEB (índice de desenvolvimento da educação básica), indicador que o MEC, utiliza para aferir  o desempenho escolar dos estados brasileiros na educação básica, que tem como variável principal os índices  de aprovação, daí a razão da aprovação automática em São Paulo.                  
  Agora suscitam uma porção de sugestões de idéias mirabolantes como:  implantar detector de metais nas portas das escolas, a permanência de seguranças armados no interior das escolas. Começo eu aqui imaginar será que estamos de fato tratando o assunto com serenidade ou estamos na busca de paliativos para servir de engôdo ou é mais um marketing político. Estou vendo a hora do Serra voltar a sena sugerindo ao Alckmin três professores por sala, um para dar aula outros dois com instruções de caratê, e com técnicas em desarmamento instruído pelo FBI ou pela Swat.
 Desculpe-me o humor ao se tratar de um assunto tão sério, é que aqui no magistério Paulista nós professores somos acusados de sermos baderneiro quando pedimos melhorias nas condições de trabalho e de salário. Nós professores somos responsabilizados quando os nossos alunos vão mal no saresp.
 Afinal pra que serve o saresp? Será que é só para justificar o porquê nós professores não recebemos bônus? Porquê se tivesse outra eficácia o aluno indo mal no saresp não deveria ficar retido!

   
Artigo escrito pelo Profº  Rosalvo Silva Filho
Formado em Ciências Físicas e Biológicas pela Faculdade Profº José A. Vieira
Latus Sensus em Saúde e Meio ambiente pela Universidade de Lavra
Formação Acadêmica em Matemática pela Uniesp                    
              

2 comentários:

  1. Ficou legal,só a parte do ônibus que ficou sem sentido.

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  2. Duvido muito que a situação dos professores do ensino fundamental e médio na rede pública mude. Não porque os administradores públicos não o queiram, mas a partir do momento em que grande parte da sociedade relegou toda a educação de seus filhos aos professores e a Escola, seja numa instituição pública ou privada, veremos, infelizmente, muitos mais casos desta natureza. Os professores na verdade de protagonistas na história, passaram a figurantes. Essa situação deve ser revertida, devemos cobrar a valorização de nossos educadores, profissional e financeiramente.
    O mais importante de tudo. Em três assuntos não podemos POLITIZAR o debate: Educação, Saúde e Segurança !!!

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